Quem trabalha com colheita florestal conhece os desafios da área. São diversos os fatores, sejam externos ou operacionais, que influenciam no sucesso da operação. Grande parte dessas influências não podemos controlar, como é o caso dos fatores climáticos, do próprio terreno ou ainda do povoamento (ele já está lá implantado). Agora, fatores mais operacionais, esses sim podemos intervir para obter uma colheita mais eficiente e produtiva.
No artigo de hoje vamos abordar três fatores chaves que podem lhe ajudar a obter melhores resultado quando o assunto for colheita florestal.
- Escolher as máquinas e equipamentos ideais para a necessidade
- Utilizar técnicas operacionais mais vantajosas
- Obter o melhor de cada operador
Ah… antes de abordar esses 3 pontos, precisamos lembrá-lo do porquê estamos colhendo florestas e qual a razão de querermos que a operação seja cada vez mais produtiva e menos onerosa.
Primeiro porque existe uma demanda no mercado por essa madeira. Mais pessoas no mundo, mais pessoas consumindo recursos provindo das florestas. No relatório da IBÁ (2020), cita-se que são mais de 5000 produtos e subprodutos obtidos da indústria de árvores cultivadas.
E claro que, para atender essa demanda, deve existir um planejamento de curto, médio e longo prazo para que não faltem produtos no mercado. O planejamento é o que dita o ritmo da operação e garante a melhor configuração para cada demanda. O gestor ou gestores da colheita entram em cena para que toda a cadeia de produção seja a mais eficiente possível. Como na direção de um filme, a expressão “Luzes, câmera, ação” vira “Máquinas, técnicas, operadores, ação!”.
Desde modelos de máquinas, configuração de sistemas e até a experiência do operador, tudo isso irá influenciar na velocidade e qualidade da colheita. A melhor receita destes fatores é o que irá garantir a entrega de mais volume de madeira em menos tempo, com garantia de qualidade.
1. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Quando falamos em produtividade da colheita, não tem como não pensar nas máquinas. Afinal, pode não ser o único, mas é um dos principais fatores quando o assunto é produzir mais.
Modelo ideal: A escolha entre fornecedores e modelos disponíveis é um passo importante. Cada configuração é adequada para uma necessidade. Cabeçotes específicos para descascamento, capacidade de carga da máquina, sua potência, entre outros, são aspectos técnicos importantíssimos de serem analisados na hora de configurar sua frota de máquinas. Aqui vale a análise: nem sempre a máquina maior e mais potente, será melhor pra sua operação. Além de gerar um custo superior de aquisição e manutenção, a máquina pode ficar inativa sem necessidade.
Dimensionamento da frota: Quantos m3 devem ser entregues para o cliente e em quanto tempo? Quantas máquinas serão necessárias para atender esta demanda com mais eficiência? Sim, pensar no seu parque de máquinas como um todo é imprescindível. Até porque ninguém quer ficar comprando mais do que realmente é necessário ou menos e não conseguir atender a demanda de madeira planejada.
Horímetro da máquina: Máquinas mais antigas ou mais novas possuem produtividades diferentes. Considerar esta variável é muito importante para evitar imprevistos e manter a frota ativa dentro do planejado
Tecnologia embarcada: A indústria 4.0 já chegou no setor florestal. Atualmente já pode se contar com aplicativos e sistemas que otimizam a colheita dentro da máquina e fora delas. Estas tecnologias podem inclusive auxiliar o operador diretamente como “instrutores” durante a operação (saiba mais com a equipe de tecnologia da Ponsse) ou até na comunicação remota com o gestor, o qual pode saber o que está acontecendo com as máquinas sem precisar estar no campo todo dia.
Ajustes de Configuração: Novas tecnologias permitem à máquina uma operação mais eficiente, mas é o operador que personaliza elas para cada demanda. Exemplos como a pressão do cabeçote, velocidade da serra, grua ou garra são ajustes de sistema que também influenciam na produtividade da colheita.
Disponibilidade mecânica e operacional: Uma máquina parada é sinônimo de redução da produção. É normal uma máquina que opera dia e noite precisar parar para realizar manutenções. Porém, a boa notícia é que este tempo pode ser menor se o planejamento e as manutenções preventivas forem bem executadas. O tempo para refeição, transporte e reuniões dos operadores, dos equipamentos, troca de material de operação (sabres, correntes, coroas), abastecimentos, também irão interferir. Resumindo, menos paradas, mais disponibilidade para a máquina operar e obter mais produtividade.
2. TÉCNICAS DE OPERAÇÃO
Após definir a frota de máquinas e configurá-las dentro da necessidade, é importante se questionar como será realizada cada uma das etapas da colheita. Pensando no corte e processamento da madeira com um harvester, por exemplo, se ele conduzir o corte levando 3 ou 4 linhas, e realizar o processamento e posicionamento da madeira a 90 graus ou no estilo “espinha de peixe”, o que trará mais resultado? Qual técnica vai resultar em menos movimentos, menor tempo e menor consumo de combustível por volume de madeira processada? Vale a pena sempre realizar testes para definir a melhor estratégia.
3. OPERADORES
Por último, mas não menos importante, explorar os fatores que interferem diretamente na produtividade dos operadores das máquinas como terceiro fator chave para uma colheita produtiva e eficiente. Afinal, por que escolher as melhores máquinas para o serviço sem escolher os melhores profissionais e proporcionar o melhor ambiente de trabalho para eles?
Experiência: Indispensável quando o objetivo é melhor aproveitamento da máquina no terreno. Um profissional experiente já conhece as especificidades de cada operação e sabe agir da melhor forma. Utiliza a máquina a seu favor e consegue extrair mais o potencial da máquina e obter ganhos energéticos maiores.
Segurança: Dirigir um carro 0km ou um carro antigo, qual dois você se sentiria mais seguro em pilotar? Para máquinas robustas como essas e que muitas vezes transitam em terrenos arriscados e remotos, esse sentimento ganha ainda mais relevância.
Conforto e Ergonomia: O operador como qualquer profissional trabalha melhor em um ambiente que tenha conforto. Ar-condicionado, bancos ergonômicos e sistemas que garantem a estabilidade da cabine favorecem uma colheita mais produtiva.
Conhecimento das máquinas: Pode ser adquirido com experiência, mas também pode ser proporcionado pelas empresas e seus gestores. Na colheita florestal existem diversos cursos, treinamentos, palestras e workshops que podem desenvolver o melhor profissional para cada operação.
Motivação: Os operadores são humanos e por isso terá dias em que serão mais ou menos produtivos por uma série de fatores que fogem do nosso controle. Antes de partir para os cálculos, leve o lado humano para a ponta do lápis e motive sempre que puder os profissionais responsáveis pela operação.
Uma visão ampla e integrada de todos estes fatores é crucial para maximizar a produtividade da colheita mecanizada. Lembre-se que o setor florestal é um dos segmentos com maior potencial para uma economia sustentável. Conte com parceiros e fornecedores do setor para garantir uma operação eficiente e responsável.
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Relatório Anual 2020 – IBA