O trabalho do operador de máquinas de colheita florestal é um campo que exige habilidade, conhecimento técnico e uma compreensão profunda dos diferentes sistemas de colheita. Gilvam Palheta, Consultor de Treinamento e CTL, e especialista em Eficiência Energética na Ponsse, antes de ser instrutor técnico, trabalhou por quase 10 anos em dois sistemas de colheita, o CTL (Cut-to-Length) e o Full Tree, e compartilha suas experiências e insights sobre as principais diferenças entre esses métodos, assim como as tarefas práticas no dia a dia de um operador de máquinas florestais.
Diferenças entre os sistemas de colheita
A principal diferença entre os sistemas CTL e Full Tree está no processamento das árvores. No sistema CTL, a árvore é cortada em um comprimento específico diretamente no local da colheita, onde as toras já saem desgalhadas e descascadas ainda na floresta e são baldeadas prontas para os pátios de madeira.
Já no sistema Full Tree, a árvore é abatida inteira, com todos os resíduos de galhos e cascas ainda presentes. Isso requer etapas adicionais de processamento após a colheita, como o arraste e processamento na beira da estrada.
Os equipamentos utilizados também diferem significativamente entre os dois sistemas. No sistema CTL, são necessárias apenas duas máquinas: o Harvester e o Forwarder. O Harvester corta e processa a árvore, enquanto o Forwarder baldeia as toras processadas até o local de armazenamento ou transporte. No sistema Full Tree, são necessárias três máquinas: o Feller, o Skidder e a Garra Traçadora. O Feller abate as árvores, o Skidder arrasta essas árvores até a área onde a Garra Traçadora processa e corta as toras em comprimentos específicos.
Em quais casos cada sistema é mais indicado?
A escolha do sistema mais adequado depende de diversos fatores, incluindo aspectos ambientais, topografia, clima, tipo de solo, extensão da área, espécie de árvore a ser colhida, espaçamento entre as árvores e volume médio por árvore (VMI). Gilvam destaca que o modo CTL é frequentemente utilizado por empresas de celulose e derivados, devido à alta qualidade das toras processadas diretamente no campo. Por outro lado, o sistema Full Tree é mais comum em operações voltadas para a produção de energia e biomassa, onde o processamento posterior pode ser realizado de forma centralizada.
A experiência do operador
A transição de um sistema para outro envolve um aprendizado significativo. “Iniciei minha jornada profissional operando máquinas Full Tree. A primeira máquina foi o Skidder, em seguida passei pela Garra traçadora, depois aprendi a operar a Feller de esteira e Pneu. Após aprender a operar todas as máquinas Full Tree tive oportunidade de operar as máquinas CTL, Forwarder e o Harvester” relata Gilvam.
Cada máquina e cada sistema exigem habilidades específicas e uma compreensão das operações envolvidas. Gilvam exemplifica: em colheita de modo CTL, o operador do Harvester abate a árvore da esquerda com uma serra, em seguida processa na frente da máquina e organiza as toras em pilhas ordenadas à direita. A maioria das máquinas colhem três, quatro ou cinco linhas, com distância média entre linhas de três metros.
Já em colheita de modo Full Tree, o Feller abate cada árvore com uma serra circular, amontoando várias árvores em um feixe. Depois, essas as árvores abatidas são arrastadas pelo Skidder de dentro da floresta até o local onde a Garra Traçadora processa a árvore de acordo com a necessidade.
Como se preparar para atuar em cada modo
Para atuar como operador de máquinas de colheita florestal, é essencial ter cursos específicos na área e experiência comprovada. Além disso, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o ensino médio completo são requisitos básicos. Gilvam enfatiza a importância de aproveitar todas as oportunidades de aprendizado e manter-se sempre atualizado com as novas tecnologias e métodos de colheita.
Para aqueles que desejam mudar de um sistema de colheita para outro, Gilvam aconselha nunca desperdiçar oportunidades de aprendizado. “Procure aprender tudo o que for possível em sua área de atuação. Manter uma mente aberta e estar preparado para novos desafios é crucial. A jornada profissional é longa e requer paciência, compromisso e preparação contínua”, diz ele.
O trabalho do operador de máquinas de colheita florestal é complexo e variado, exigindo uma compreensão profunda dos diferentes sistemas de colheita e das máquinas envolvidas. A experiência de Gilvam ilustra como a adaptação e o aprendizado contínuo são fundamentais para o sucesso na carreira. Cada sistema, seja CTL ou Full Tree, apresenta suas próprias vantagens e desafios, e a escolha do sistema mais adequado depende de uma análise cuidadosa de diversos fatores operacionais e ambientais. Para os operadores, estar bem-preparado e aberto a novas experiências é essencial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem ao longo de sua carreira.