Dia 21 de setembro é celebrado o Dia da Árvore e sob esse pretexto resolvemos olhar para a árvore do ponto de vista de sua capacidade de multifacetada.
A data que antecede a chegada da primavera no Brasil é um dia de celebração, mas principalmente de conscientização, afinal dentre as muitas características da árvore, ela também pode ser considerada como extensão da vida humana. Vivemos neste planeta a partir de interações com o meio ambiente que fundamentalmente passam pela existência das árvores e de todo tipo de vegetação marinha ou terrestre.
Vale lembrar que, neste artigo, vamos olhar a árvore considerando o ponto de vista econômico e industrial (madeira, fibra e energia) e levando em consideração áreas de reflorestamento. No entanto, não ignoramos a contribuição das árvores na conservação da biodiversidade e provisão de múltiplos serviços ecossistêmicos vitais para a vida humana, como por exemplo a regulação climática, dos fluxos hídricos, conservação do solo, estoque de CO2, pesquisas e muito mais.
Os produtos da árvore: dos móveis aos automóveis
A árvore é uma fonte de vida e também uma aliada da indústria. Quando pensamos na utilização da árvore no setor industrial é possível que isso nos remeta aos móveis de madeira, mas a árvore está presente em muitos mais lugares do que somente na área de decoração.
A árvore pode ser o ponto de partida do etanol, usado como combustível em automóveis, e que pode ser proveniente da cana de açúcar mas também de resíduos de madeira que seriam descartados. A árvore está nos bioplásticos, na lignina e nas nanofibras; nos papéis e embalagens; em desinfetantes e aromatizantes; nas tintas, nos adesivos e nos cosméticos. A presença de partes da árvores está em diversos lugares e a tecnologia ajuda no seu máximo aproveitamento. Afinal, a árvore é nosso oxigênio para vivermos.
O primeiro entendimento que precisamos ter é de que mesmo em florestas plantadas com mudas clonais, as árvores não podem ser consideradas como uma unidade homogênea. Cada parte tem seu valor diferenciado.
A madeira provinda do fuste, , nome dado ao tronco que se estende da base até quase alcançar a copa, é a parte que melhor se aproveita na indústria, portanto o produto mais valioso da árvore. O tronco pode se transformar em portas, janelas, assoalhos, caixarias na construção civil, móveis, pisos laminados e objetos decorativos. A madeira mais fina pode ainda ser aproveitada na produção de celulose, papel, embalagens… e assim por diante.
As raízes, galhos, folhas e cascas podem ser aproveitados também no processo industrial para a geração de energia. Tudo pode ter um fim produtivo, mas para isso é preciso separar essas partes específicas para o seu melhor aproveitamento da valiosa matéria-prima que é a árvore.
Aproveitamento do fuste
Como adiantamos, as árvores e suas partes não são iguais e o formato e tamanho do tronco podem variar, mas em geral tem formato cônico, considerando um afinamento perto da região que se aproxima da copa.
Agora imagine só quantas toras é possível extrair de um único fuste considerando que uma árvore de reflorestamento pode atingir alturas superiores a 30 metros?
Cada tora possuirá diâmetros diferenciados, afinal, a árvore tem esse comportamento cônico de crescimento que mencionamos, e isso irá determinar propriedades diferentes para a madeira, em especial a densidade (relação de peso e volume). Consequentemente, destinos diferentes serão dados para cada parte do tronco.
E como definir o melhor uso da árvore? Até que diâmetro/altura do tronco é aplicado para determinado fim?
No Brasil os plantios florestais costumam ter sua produção direcionada apenas para um determinado tipo de produto, como é o caso da celulose, abastecendo uma única indústria. Porém, as florestas podem ser destinadas a uma variedade maior de produtos, como é o caso do Pinus na região sul, que podem ser destinados para laminação e serraria, por exemplo.
No caso de multiprodutos florestais, a complexidade combinatória necessária para atingir o traçamento otimizado aumenta. O uso da madeira é determinado com base no sortimento, ou seja, as toras são classificadas para os diferentes usos de acordo com seu diâmetro mínimo de uso (diâmetro de topo) e comprimento. Para cada cada tipo de floresta, região e empresa, os sortimentos mudam. Veja na imagem a seguir alguns possíveis usos:
Na colheita florestal mecanizada com harvesters, o destino correto para cada tora pode ser facilitado pelo sistema do próprio equipamento. Com base nos requisitos e nas medições tomadas dos troncos, o harvester calcula a quantidade e o valor da madeira disponível em cada tora. Simultaneamente, o harvester determina o melhor modo possível de cortar o tronco, de modo que o usuário tenha suas necessidades de madeira atendidas.